O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve se vangloriar de seu ataque à burocracia federal e de seus esforços para desestabilizar as relações globais durante discurso para o Congresso americano nesta terça-feira (4), mesmo enquanto seu governo enfrenta processos judiciais por sua agenda doméstica e a Europa o repreende por seu tratamento à Ucrânia.
Dirigindo-se à sua maior audiência televisiva desde seu retorno ao poder, Trump deve falar sobre a rapidez com que implementou reduções nas travessias de fronteira, cortes no governo por meio do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), e uma série de decretos. Ele também deve enfatizar a necessidade de aprovar sua agenda legislativa, que inclui cerca de US$ 4 trilhões (R$ 23 trilhões) em cortes de impostos.
Para Trump, será um retorno notável a um palco e a uma audiência nacional em horário nobre a que ele se dirigiu pela última vez há cinco anos, antes de os eleitores o destituírem do cargo e o substituírem por Joe Biden. O retorno de Trump desencadeou uma série de ações em ritmo acelerado projetadas para reverter décadas de políticas e diplomacia.
Durante seu primeiro mandato, Trump fez um discurso anual ao Congresso que incluía uma mistura de exageros e ataques cheios de ressentimento a seus inimigos. Ele está pronto para fazer o mesmo na noite desta terça, usando uma das maiores plataformas que qualquer presidente moderno tem durante seu tempo no Salão Oval.
Trump insinuou na segunda-feira (3) que poderia usar o discurso para prolongar sua disputa pública com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, após o confronto no Salão Oval entre os dois líderes na semana passada.
O presidente está enfrentando uma série de processos judiciais por seus decretos, cortes no governo federal e demissões de servidores —ações encabeçadas por Elon Musk, o homem mais rico do mundo e um dos principais conselheiros de Trump.
A resistência aos esforços agressivos de Musk, especialmente pelos tribunais em todo o país, tem frustrado o presidente e aqueles ao seu redor. Durante seu primeiro mandato, Trump frequentemente atacava os juízes quando eles se colocavam no caminho de sua agenda.
Os críticos do presidente estão se preparando para mais do mesmo nesta terça, enquanto lutam para desacelerar o ritmo de demissões e cortes de gastos em agências federais.
Os republicanos esperam que Trump se concentre no sucesso de seu governo em reprimir a imigração ilegal. Houve uma queda dramática no número de pessoas se reunindo na fronteira dos EUA e tentando cruzar.
Enquanto Trump avança com decretos, sua agenda legislativa está avançando mais lentamente no Congresso. O presidente busca aprovar cerca de US$ 4 trilhões em cortes de impostos e obter novos fundos para esforços de deportação, enquanto membros linha-dura da Câmara buscam contenção de gastos profunda para financiar essa agenda.
Não está claro de onde virão esses ajustes ficais, especialmente porque propostas para cortar o Medicaid (programa de assistência médica que fornece cobertura para pessoas de baixa renda, financiado pelo governo federal e pelos estados) se mostraram impopulares.
Trump tem dito repetidamente desde o dia de sua posse que seu governo reverteu o que ele afirmou ser uma economia em declínio, ignorando o forte crescimento do emprego ao longo dos quatro anos da presidência de Biden. Trump provavelmente falará sobre as tarifas que está planejando impor a Canadá, México, China e países europeus, mesmo que muitos economistas digam que temem que o resultado possa ser inflação e interrupção no fornecimento nos EUA.
