Em meio a uma crise diplomática, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta (7) que cortará financiamentos à África do Sul, após repetir as acusações de que o governo local está “confiscando terras dos brancos”. Ele disse que os agricultores sul-africanos seriam bem-vindos nos EUA.
Em fevereiro, Trump ordenou o corte da assistência financeira ao país e, para justificar a medida, mencionou que desaprova a política sul-africana de terras, além de citar a acusação de genocídio que a África do Sul apresentou na Corte Internacional de Justiça contra Israel, aliado de Washington, pelos ataques militares na Faixa de Gaza.
Trump publicou em sua plataforma Truth Social que “qualquer agricultor (com família!) da África do Sul, que procure fugir do país por motivos de segurança, será convidado para os Estados Unidos da América com um caminho rápido para a cidadania”. “Esse processo começará imediatamente!”.
Mais tarde, a Presidência sul-africana disse que se recusa a se envolver em “diplomacia de megafone contraproducente”.
Há algumas semanas, Trump criou por decreto um procedimento para conceder asilo aos “refugiados africâneres”, os descendentes de colonos europeus.
Washington e Pretória estão envolvidos em uma disputa diplomática sobre um projeto de lei de desapropriação de terras que, segundo o líder republicano, levará à aquisição de fazendas de propriedade de brancos.
Trump afirmou recentemente que uma lei assinada em janeiro permitiria ao governo sul-africano confiscar terras de africâneres sem compensação. A norma permite que, em certas circunstâncias, o governo sul-africano exproprie propriedades por interesse público sem oferecer indenização.
O bilionário Elon Musk, que é sul-africano e conselheiro de Trump, disse na época que os cidadãos brancos do país foram vítimas de “leis de propriedade racistas.”
Na ocasião, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, defendeu a lei sancionada por ele e afirmou que o país não será intimidado. Ele negou que o objetivo seja confiscar lotes e afirmou que a política visa equilibrar as disparidades raciais na posse de terras na nação de maioria negra.
Os colonos britânicos e africâneres governaram a África do Sul até 1994 sob o regime do apartheid, um sistema segregacionista no qual a maioria negra era privada de direitos políticos e econômicos. A população branca ainda possui a maioria das terras agrícolas após três décadas do fim do apartheid.
O presidente sul-africano disse que deseja chegar a um acordo com Trump. Ramaphosa anunciou em fevereiro que Pretória planeja enviar uma delegação a Washington para resolver uma série de questões. “Gostaríamos de ir aos Estados Unidos para fazer um acordo significativo sobre uma ampla gama de assuntos”, disse em conversa com o vice-presidente do fundo de investimentos Goldman Sachs, Richard Gnodde.
Ele disse ainda que teve uma “conversa maravilhosa” por telefone com Trump logo após o presidente americano assumir o cargo em janeiro, mas que, posteriormente, as relações “pareciam ter saído um pouco dos trilhos”.