O secretário-executivo da UNFCCC, a convenção de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), Simon Stiell, mandou recados ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendeu a transição energética como lucrativa, após o republicano cortar incentivos para o setor.
Em visita ao Brasil para tratativas relacionadas à COP30, que acontecerá em Belém, ele defendeu que os países ricos precisam cumprir com suas obrigações de financiamento climático, para que as nações mais vulneráveis não sofram todas as consequências das mudanças climáticas.
Mas ressaltou que os incêndios que assolaram Los Angeles, nos EUA, por exemplo, são um alerta de que mesmo as maiores potências do mundo vão sofrer as consequências do aquecimento global.
Segundo Stiell, “a oportunidade de ganhar dinheiro” com a transição energética “é simplesmente grande demais para ser ignorada”.
“É por isso —acima de todos os outros fatores— que a transição para a energia limpa agora é imparável: por causa da escala colossal de oportunidade econômica que ela apresenta”, afirmou.
No início deste ano, porém, Trump decidiu retirar os EUA do Acordo de Paris, tratado internacional pela redução de emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, o republicano ampliou os impulsos ao setor petroleiro e cortou investimentos nas áreas climáticas e de energia limpa —o que tem pode ameaçar a sobrevivência de climáticos no Brasil.
Para o emissário da ONU, porém, o espaço deixado pelos Estados Unidos será ocupado por outras nações.
“Um país pode recuar, mas outros já estão se posicionando para tomar o seu lugar e colher as enormes recompensas: crescimento econômico mais forte, mais empregos, menos poluição e custos de saúde muito mais baixos, energia mais segura e acessível”, afirmou.
O secretário afirmou que há uma enorme lacuna entre o que precisa ser feito, em termos de financiamento climático, e o que precisa ser feito.
A última COP, em Baku, selou uma nova meta de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,7 trilhão) em recursos para soluções climáticas, marca considerada pouco ambiciosa pelos ambientalistas. Agora caberá ao Brasil desenhar os mecanismos para que esse objetivo seja aplicado na prática.
Stiell, porém, se demonstrou otimista com a evolução das negociações, e afirmou que as novas NDCs (as metas que cada país deve se comprometer para alcançar os objetivos climáticos) que serão apresentadas durante o ano devem demonstrar o compromisso das nações com o meio ambiente.
Questionado sobre o fato de que diversos países do mundo, inclusive o Brasil, estarem ampliando a exploração de petróleo, ele disse apenas que prefere focar as discussões nos resultados das últimas COPs, e não no que os países fazem internamente.
E ele descartou qualquer possibilidade da conferência brasileira ser retirada de Belém, ou fatiada —possibilidade cogitada em razão dos problemas de infraestrutura da capital paraense.
Ao ser questionado sobre o tema, respondeu com uma única frase: “A COP vai acontecer em Belém”.