Rússia: Túmulo de Navalni tem homenagens um ano após morte – 16/02/2025 – Mundo

Centenas de pessoas se reuniram na manhã deste domingo (16) em Moscou diante do túmulo de Alexei Navalni, apesar do risco de represálias por parte das autoridades, no primeiro aniversário da morte na prisão do principal opositor do Kremlin.

Indivíduos ou pequenos grupos, incluindo famílias com crianças, marcharam durante toda a manhã em direção ao cemitério de Borisovskoie, em Moscou, onde o ativista —inimigo político número um do presidente russo, Vladimir Putin— está enterrado.

Navalni, declarado como extremista pela justiça russa, morreu em circunstâncias obscuras em uma prisão localizada em Vladimiro, cidade a cerca de 200 km de Moscou, em 16 de fevereiro de 2024. Isso levantou suspeitas da comunidade internacional, e diversos líderes mundiais acusaram Putin de estar por trás do caso.

Navalni surgiu na vida pública de seu país nos protestos de 2012 contra a segunda das três reeleições de Putin, que chegou ao poder em 1999 como primeiro-ministro.

Em 2011, ele já atuava como blogueiro denunciando a corrupção no governo federal e foi preso pela primeira vez por participar de um protesto não autorizado. Em 2013, o ativista surpreendeu chegando em um robusto segundo lugar na eleição para prefeito de Moscou, com 27% dos votos.

Mas foi cinco anos depois que ele ganhou notoriedade mundial ao liderar protestos organizados pela internet em todo o país primeiro contra autoridades do governo, depois contra Putin.

Barrado de disputar a eleição presidencial de 2018 por ter uma condenação suspensa em um nebuloso caso regional de corrupção, ele passou a trabalhar por candidatos anti-Kremlin em pleitos locais e nacionais.

Foi numa dessas missões, no final de 2020 em Tomsk (Sibéria), que ele foi envenenado naquilo que é amplamente descrito como um complô de serviços de segurança —que Putin desdenhou, dizendo que se o Estado quisesse matar Navalni, ele já estaria morto.

Levado para a Alemanha em coma, ele foi tratado e voltou a Moscou em janeiro de 2021, só para ser preso de forma bizantina, porque tecnicamente descumpriu sua liberdade condicional daquela primeira condenação. Voltou para a cadeia, o que disparou uma onda nacional de protestos que foi violentamente reprimida pela polícia.

Navalni fez greve de fome, mas acabou tendo sua pena ampliada para 11 anos e meio. Desde que Putin invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, ele mudou sua instância crítica ao governo de Kiev e passou a denunciar, por meio de advogados ou em audiências, a guerra.

Recentemente, outro crítico de Putin, o ativista Vladimir Kara-Murza, foi condenado a 25 anos de prisão sob a acusação de traição ao país. Na Rússia, o Judiciário é teoricamente independente, mas as ligações com o poder central são notórias —o filme “Leviatã”, de 2015, mostra as minúcias da engrenagem.

Navalni nasceu em 4 de junho de 1976 em Butin, uma vila na região de Moscou. Formou-se em direito e finanças, e estudou por um período nos Estados Unidos. Era casado com Iulia Navalnaia e pai de Dasha e Zakhar.