Rascunho do G7 prevê acordo de autodefesa à Ucrânia – 14/03/2025 – Mundo

Os ministros das Relações Exteriores dos países-membros do G7 destacaram nesta sexta-feira (14) em um rascunho da declaração do grupo a necessidade de “acordos de segurança” robustos e confiáveis para garantir que a Ucrânia possa dissuadir e se defender contra possíveis novos atos de agressão.

Os chanceleres reforçaram que essas medidas poderiam envolver novos limites para os preços do petróleo, além de concessão de suporte adicional à Ucrânia. O documento, que ainda pode sofrer alterações, alerta a Rússia sobre a possibilidade de mais sanções caso o país não concorde com um cessar-fogo, segundo dois diplomatas ouvidos pela agência de notícias Reuters.

A reunião ocorreu após semanas de tensão entre os aliados dos Estados Unidos e o presidente Donald Trump devido à reviravolta em suas políticas relacionadas ao comércio internacional e à Ucrânia.

Autoridades do G7 temiam não conseguir chegar a um acordo sobre um documento abrangente que abordasse questões geopolíticas do mundo todo, divisões que, segundo eles, poderiam ter beneficiado tanto a Rússia quanto a China.

“Acho que estamos no caminho certo para ter uma declaração forte. Estou confiante de que pode ser o caso”, disse a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly. “Quando se trata de questões diferentes, Ucrânia e Oriente Médio, tivemos sessões falando sobre essas diferentes questões, assuntos, e o objetivo era manter uma forte unidade no G7 .”

Os ministros do G7 —Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos, juntamente com a União Europeia— se reuniram na remota cidade turística de La Malbaie, situada nas colinas do Québec, para reuniões nesta quinta e sexta-feira.

Mas, na preparação para a primeira reunião de líderes do G7 na presidência do Canadá —que deve ocorrer em junho deste ano—, a elaboração de uma declaração final acordada foi difícil, com disputas sobre a linguagem referente à Ucrânia, ao Oriente Médio e sobre o desejo de Washington por uma formulação mais dura em relação à China.

A versão obtida, ainda não assinada, reafirma o apoio à retomada da ajuda humanitária sem obstáculos em Gaza e à busca por um cessar-fogo permanente na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Embora a solução de dois Estados não tenha sido mencionada, os ministros do G7 ressaltaram a necessidade de um “horizonte político” para o povo palestino.

Ainda no Oriente Médio, a atuação do Irã foi outro tema colocado em discussão. O grupo classificou o país de “fonte de instabilidade” da região e condenou o uso de detenções arbitrárias e tentativas de assassinato no exterior como ferramentas de coerção política. O rascunho do documento reafirma que o grupo não deve permitir que o Irã desenvolva uma arma nuclear e, além disso, insta Teerã a reduzir a escalada bélica e escolher a via diplomática.

O documento faz menção ainda às regiões costeiras da Síria. Os ministros condenaram o assassinato de pessoas inocentes nessas áreas e exigiram responsabilização.

A situação no Indo-Pacífico também foi tema de preocupação nas discussões. Os ministros destacaram a importância da paz e estabilidade no estreito de Taiwan e condenaram o uso de manobras perigosas e canhões de água contra embarcações filipinas e vietnamitas no mar do sul da China.