Opinião: Show de horrores chamado Hamas precisa acabar – 13/02/2025 – Mundo

No último sábado (8), homens armados do Hamas exibiram três reféns israelenses extremamente magros em um vídeo de propaganda, no qual foram forçados a agradecer aos seus sequestradores antes de serem entregues à Cruz Vermelha.

Um dos reféns, Eli Sharabi, descobriu em seu retorno a Israel que sua esposa, Lianne, e suas filhas adolescentes, Noiya e Yahel, haviam sido assassinadas no 7 de Outubro.

Foi um ato grotesco, de partir o coração. Outros reféns, segundo o The New York Times, passaram o cativeiro amarrados, torturados, privados de comida e sem atendimento médico para ferimentos de estilhaços e outras lesões. Alguns mal viram a luz do sol em quase 500 dias.

Na segunda-feira (10), o Hamas anunciou que estava adiando a libertação de mais reféns, sob o argumento de violações israelenses do acordo de cessar-fogo. Horas depois, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou que o caos vai se instalar se o Hamas não libertasse todos os reféns restantes até o meio-dia do próximo sábado (15).

Na terça-feira (11), o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, alertou que Israel retomaria combates intensos caso os reféns não fossem libertados até esse prazo.

Trump também ameaçou cortar a ajuda dos EUA à Jordânia e ao Egito se eles se recusassem a aceitar refugiados de Gaza, acrescentando que esses refugiados talvez não tenham o direito de retornar à Faixa de Gaza.

As ameaças do presidente são tardias, mas necessárias. Qualquer um que ache que o Hamas pode continuar torturando israelenses, oprimindo palestinos e permanecendo no poder em Gaza, livre para um dia incendiar a região novamente, precisa ser demovido dessa ideia.

Isso vale especialmente para Estados árabes como Qatar e Egito, que dependem da proteção e dos recursos dos EUA, mas ainda assim abrigam líderes do Hamas e não impediram que o grupo se armasse até os dentes antes do 7 de Outubro.

Para onde vamos a partir daqui?

O governo dos EUA deve apresentar à região uma escolha entre duas opções possíveis.

A primeira é que os civis de Gaza deixem o território, principalmente em direção ao Egito, para que o Hamas e seu labirinto de túneis possam ser destruídos por uma nova ofensiva israelense sem risco para vidas inocentes.

Israel não deve reocupar a Faixa de Gaza, e o retorno desses civis não pode ser permanentemente proibido. No entanto, esse retorno deve depender de eles renunciarem ao Hamas e de um programa para tirar o Hamas de Gaza, que impeça ex-membros do grupo terrorista de ocupar cargos políticos e que revele publicamente o aparato de repressão do grupo contra os moradores comuns de Gaza.

A segunda opção é que os líderes do Hamas sejam forçados ao exílio por seus patrocinadores, permitindo que os moradores de Gaza reconstruam suas vidas sob uma liderança melhor.

Isso aconteceu em 1982, quando o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, e seus seguidores foram forçados a deixar o Líbano para o exílio em Túnis, na Tunísia. O exílio é um destino muito mais brando do que os cruéis governantes do Hamas merecem, mas é uma alternativa que poupa muito derramamento de sangue.

A escolha deve ser clara. Governos que se opõem firmemente à primeira opção, por razões práticas ou éticas, devem trabalhar ainda mais para garantir que a segunda ocorra. O que não podem fazer é aceitar um status quo em que Gaza permaneça indefinidamente sob o controle do Hamas e Israel continue sob constante ameaça.

Algo semelhante ocorreu há cinco anos. Em janeiro de 2020, durante seu primeiro mandato, Trump apresentou um plano de paz para o Oriente Médio que foi amplamente rejeitado. Em troca de um Estado palestino geograficamente reduzido e com soberania limitada, o plano dava a Israel controle sobre uma Jerusalém unificada e o vale do rio Jordão, além de permitir que mantivesse todos os assentamentos na Cisjordânia. Os líderes palestinos rejeitaram a proposta imediatamente. Outros a descartaram como “um documento político de um presidente no meio de um processo de impeachment”, conforme reportado pelo The New York Times na época.

Netanyahu aceitou o acordo e foi além: ameaçou anexar as partes da Cisjordânia que o plano previa que permaneceriam sob controle israelense, independentemente do que os palestinos fizessem. Isso causou uma crise —e criou uma oportunidade.

Em 2020, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein concordaram em normalizar relações com Israel em troca do abandono da anexação.

Se a tragédia de Gaza algum dia for resolvida, isso provavelmente acontecerá por meio dessa mesma combinação de ameaças poderosas, retórica agressiva e diplomacia indireta —mas de forma muito mais rápida.

O Qatar, que abriga uma enorme base aérea dos EUA e depende dos americanos para sua segurança, pode pressionar o Hamas prendendo seus líderes, que atualmente vivem luxuosamente no emirado, e cortando seus fundos. O Egito, cuja dívida externa disparou nos últimos anos, pode pressionar o Hamas permitindo a entrada de moradores de Gaza e cortando o acesso do grupo ao território.

Ambos os países podem hesitar, mas são vulneráveis à pressão do governo dos EUA.

Depois, há o Irã, o principal patrocinador do Hamas, que agora parece interessado em uma diplomacia com os Estados Unidos devido às perdas militares de seus aliados no Líbano e na Síria e ao colapso quase total de sua economia. Teerã também pode ser pressionado a exigir que o Hamas liberte os reféns e deixe Gaza — desde que a pressão dos EUA seja credível, severa e imediata.

Isso vai funcionar?

Nada é garantido. Os reféns correm sério perigo, independentemente de a trégua de seis semanas continuar ou a guerra recomeçar. Os civis de Gaza, usados por muito tempo como escudos humanos pelo Hamas, permanecem em risco, não importa o que aconteça.

Mas o que já ficou claro é que esperar que o Hamas se comporte de maneira diferente do que tem demonstrado —como um grupo terrorista bárbaro— não funcionará.

Trump pode estar errado sobre muitas coisas, mas está certo sobre esta: este show de horrores chamado Hamas precisa acabar.