Milei pode ser investigado por promover criptomoeda no X – 15/02/2025 – Mercado

O presidente da Argentina, Javier Milei, publicou em suas redes sociais um projeto baseado em investimento de criptomoedas para financiar pequenas empresas, mas horas depois recuou e decidiu “não continuar difundindo” a ação, em meio ao colapso do investimento. A publicação foi feita na sexta-feira (14).

“Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, depois que tomei conhecimento, decidi não continuar difundindo-o”, explicou Milei depois da meia-noite em sua conta no X, e após excluir a publicação em que apoiava o projeto chamado “Viva La Libertad Project”.

O presidente argentino pode ser investigado pelo Congresso.

O anúncio original do ultraliberal, com um link para a iniciativa e uma imagem reproduzida na imprensa local, afirmava que a criptomoeda era “um projeto privado” dedicado a “incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos”.

“O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA”, encerrou ele com o nome do token, uma unidade de valor digital baseada na tecnologia blockchain sem valor em moeda real.

Economistas e especialistas no universo de criptomoedas da Argentina e vários políticos da oposição criticaram o presidente e disseram que esse ativo digital poderia ser uma fraude ou um esquema Ponzi (pirâmide financeira).

“O presidente da nação acaba de lançar publicamente uma fraude global [grosseira e óbvia]. E nada vai acontecer”, reagiu Javier Smaldone, especialista em informática e influenciador digital conhecido por denunciar esquemas de pirâmide, minutos depois no X.

De acordo com Smaldone e outros especialistas em finanças digitais, como a revista de mercados de capitais The Kobeissi Letter, cerca de 80% do ativo $LIBRA estava nas mãos de poucos antes do apoio de Milei.

Depois da publicação do presidente, seu valor cresceu exponencialmente, de décimos a um pico de US$ 4.978 (cerca de R$ 28). Os detentores originais da moeda começaram a vender com lucro de milhões, mas o valor do ativo despencou em seguida.

A manobra é conhecida no trading digital como uma espécie de “puxada de tapete”.

Líderes da oposição denunciaram o ocorrido, como o senador da UCR (centro) Martín Lousteau, que disse em sua conta no X que “esta é a segunda vez que, como funcionário, [Milei] anuncia ativos do mundo das criptomoedas que acabam sendo uma fraude”.

Em 2021, o então deputado e agora presidente promoveu a plataforma CoinX, que oferecia lucros de 8% ao mês em dólares e, agora, a plataforma está sendo investigada por suposta fraude.

Para o deputado da Coalizão Cívica Maximiliano Ferraro, o que aconteceu com a $LIBRA “foi uma manobra especulativa que poderia ser alavancada no poder político do presidente e no uso de informações privilegiadas”.

O Congresso “deveria criar uma comissão especial de investigação” para “esclarecer os fatos e determinar as responsabilidades”, diz Ferraro.