EUA: Universidades abrem mão de posicionamentos por tensão – 18/03/2025 – Mundo

Apenas alguns anos atrás, declarações universitárias sobre as questões sociais e políticas do dia eram abundantes.

Quando a Rússia atacou a Ucrânia em 2022, a reitoria de Harvard chamou a agressão de sem sentido e lamentável e hasteou a bandeira do país invadido. Depois que George Floyd morreu sob o joelho de um policial branco, a reitoria de Cornell disse estar enojada. O reitor da Universidade de Michigan descreveu a violência contra Israel em 7 de outubro de 2023 como um “ataque horrível de terroristas do Hamas”.

Mas ao longo do último ano, cada uma dessas universidades adotou políticas que limitam declarações oficiais sobre questões atuais.

De acordo com um novo relatório divulgado no início de março pela Heterodox Academy, um grupo crítico da ortodoxia progressista nos campi universitários, 148 faculdades adotaram até o final de 2024 políticas de “neutralidade institucional”, uma tendência que destaca o escaldante escrutínio político sob o qual estão. Todas, exceto oito dessas políticas, foram adotadas após o ataque do Hamas.

As universidades estão adotando tais políticas em um momento em que o governo de Donald Trump tem agido agressivamente para puni-las por não fazerem o suficiente para combater o antissemitismo e por abraçarem políticas de diversidade, equidade e inclusão.

No dia 7 de março, o governo americano anunciou que estava retirando US$ 400 milhões (R$ 2,2 bilhões) da Universidade Columbia, uma medida que enviou ondas de choque por todo o ensino superior. Trump já disse que está procurando mirar outras universidades.

A maioria das novas políticas se aplica a altos administradores, como reitores e pró-reitores. Outras também abrangem unidades como departamentos acadêmicos. E muitas se aplicam aos membros do corpo docente quando estão falando em caráter oficial, mas frequentemente deixam claro que os professores são livres para expressar opiniões pessoais, de acordo com a Heterodox Academy.

Críticos da tendência de neutralidade argumentaram que os administradores estão apenas evitando debates difíceis e com medo de irritar doadores e legisladores.

Muitos reitores foram intimidados a permanecer em silêncio, disse Patricia McGuire, reitora da Universidade Trinity Washington, uma pequena instituição católica a cinco quilômetros da Casa Branca.

“Eles olham para o que aconteceu com Claudine Gay e alguns dos outros presidentes”, disse ela, referindo-se à ex-reitora de Harvard que renunciou no ano passado após uma audiência no Congresso sobre antissemitismo. “E eles pensam: ‘Não quero que isso aconteça comigo. Então, vou apenas ficar calado e esperar que essa nuvem passe’.”