Um dos principais conselheiros do presidente Donald Trump disse neste domingo (2) que os Estados Unidos precisam de um líder ucraniano que esteja disposto a garantir uma paz duradoura com a Rússia mas, em suas palavras, não está claro se o presidente Volodimir Zelenski está preparado.
Mike Waltz, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou que Washington quer garantir um acordo permanente entre Moscou e Kiev que envolva concessões territoriais em troca de garantias de segurança lideradas pela Europa. A fala vem dois dias após bate-boca público no Salão Oval entre Trump, Zelenski e o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance.
Perguntado se Trump quer que Zelenski renuncie, Waltz respondeu ao programa “State of the Union” da CNN: “Precisamos de um líder que possa lidar conosco, eventualmente lidar com os russos e encerrar esta guerra”, disse ele. “Se ficar evidente que as motivações pessoais ou políticas do presidente Zelenski são divergentes do fim dos combates em seu país, então acho que temos um problema real em nossas mãos.”
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, também sugeriu que um líder diferente pode ser necessário na Ucrânia se Zelenski não cumprir as demandas impostas pelos EUA.
“Algo precisa mudar. Ou ele precisa voltar à razão e voltar à mesa com gratidão, ou outra pessoa precisa liderar o país para fazer isso”, disse o principal republicano do Congresso ao programa “Meet the Press” da NBC.
A reunião tensa no Salão Oval na sexta expôs as tensões entre Zelenski e Trump. Como resultado, um acordo entre a Ucrânia e os EUA para desenvolver conjuntamente os recursos naturais da Ucrânia ficou sem assinatura e em suspenso. “Não ficou claro para nós que o presidente Zelenski estava pronto para negociar e de boa fé em direção ao fim desta guerra”, disse Waltz.
No programa “This Week” da ABC, o secretário de Estado Marco Rubio disse que não falou com Zelenski desde sexta.
Rubio também disse que não falou com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, desde que Trump e Zelenski entraram em conflito na Casa Branca e não assinaram um acordo de minerais esperado. “Estaremos prontos para nos envolver quando estiverem prontos para fazer a paz.”
A senadora democrata Amy Klobuchar disse no “This Week” que ficou chocada com o conflito no Salão Oval. Ela afirnou que encontrou Zelenski pouco antes da ida dele à Casa Branca e que o ucraniano estava animado para assinar o tratado. “Ainda há uma abertura aqui” para um acordo de paz, disse ela.
Em fevereiro, dias antes do encontro entre os dois presidentes, Trump atacou Zelenski ao chamá-lo de “ditador sem eleições”. A fala, até então a mais virulenta de um líder de Washington contra um aliado, foi feita por meio de uma postagem na rede de Trump, a Truth Social.
O americano ainda insinuou ainda que Kiev desviou a ajuda americana contra a invasão russa e sugeriu que o colega aceite logo uma paz com Vladimir Putin “antes que ele fique sem um país”.
Neste domingo, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, instou os líderes europeus a intensificar seus esforços de defesa não apenas para ajudar a garantir a paz na Ucrânia, mas também a estabilidade em todo o continente em uma cúpula realizada como um show de apoio ao presidente Zelenski.
Starmer disse que a Europa precisava enfrentar um desafio único em uma geração. “Obter um bom resultado para a Ucrânia não é apenas uma questão de certo e errado, é vital para a segurança de cada nação aqui e de muitas outras também”, disse o britânico ao lado de Zelenski e do presidente francês, Emmanuel Macron.
