EUA investigam universidades por ações com critério racial – 14/03/2025 – Mundo

O Departamento de Educação dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (14) que seu escritório de direitos civis está investigando 45 universidades devido a reclamações de que as instituições se envolveram em programas que define a elegibilidade com base na etnia dos concorrentes.

A investigação é divulgada um mês depois de o departamento emitir um memorando em que alerta escolas e universidades americanas de que elas poderiam perder dinheiro federal devido a “preferências baseadas em raça” em admissões, bolsas de estudo ou qualquer aspecto da vida estudantil.

Desde que Donald Trump retornou à Presidência em janeiro, seu governo tem procurado limitar os esforços para fornecer apoio às pessoas com base em raça, identidade de gênero ou orientação sexual. O Departamento de Educação disse que o início da nova investigação ocorreu após afirmações de que as universidades fizeram parceria com um programa que busca aumentar a diversidade nas escolas.

O departamento ainda afirmou, em um comunicado, que as atividades violavam uma lei de direitos civis de 1964, que foi originalmente aprovada para reduzir a discriminação contra americanos não brancos.

Embora a declaração anunciando a investigação não tenha dito quem estava sendo prejudicado pelos supostos programas, Trump e muitos conservadores dos EUA argumentaram que os esforços para aumentar a diversidade são injustos e discriminam os americanos brancos —uma afirmação que não encontra embasamento nas estatísticas.

“O anúncio de hoje expande nossos esforços para garantir que as universidades não discriminem seus alunos com base em raça e estereótipos raciais”, disse a secretária de Educação dos EUA, Linda McMahon. “Os alunos devem ser avaliados de acordo com o mérito e a realização, não pré-julgados pela cor da pele”, acrescentou. “Não cederemos neste compromisso.”

O governo Trump também tem como alvo universidades em que foram realizados protestos em apoio aos palestinos —que o governo descreveu como antissemitas. No início deste mês, o governo cancelou US$ 400 milhões em subsídios e contratos federais para a Universidade de Columbia em resposta ao que disse ser uma resolução ruim da escola ao antissemitismo no campus.

No fim de 2023, a Suprema Corte dos EUA proibiu o uso de critérios raciais em processos de admissão das universidades. Um ano após a medida, ao menos 33 instituições americanas —várias delas, de elite— divulgaram, pela primeira vez desde o ato, dados das matrículas de novos alunos.

Embora a maior parte tenha registrado queda de alunos negros, a diminuição desse grupo foi, em alguns casos, menor que o esperado, o que deve motivar novas rodadas de batalhas judiciais sobre o tema.

Dados compilados pelo think tank Education Reform Now mostraram que o número de novos alunos negros era menor do que a média de anos anteriores em 26 das 33 universidades analisadas.

Instituições conceituadas como a Universidade Johns Hopkins e o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) estão entre as que registraram quedas mais expressivas no quadro de alunos desse grupo: de 66,1% e 64,3%, respectivamente.

O governo de Donald Trump tem direcionado esforços para a diminuição de programas voltados à diversidade, equidade e inclusão nas universidades e nos órgãos públicos.