Áustria: Sírio que matou 1 em ataque com faca é do EI – 16/02/2025 – Mundo

O sírio acusado de ter esfaqueado diversas pessoas na Áustria neste sábado (15), matando ao menos uma delas, de 14 anos, jurou lealdade ao Estado Islâmico (EI) e tinha uma bandeiras do grupo penduradas no seu apartamento, disseram as autoridades do país.

As informações foram divulgadas à imprensa neste domingo (16) por Michaela Kohlweiss, chefe de polícia do estado da Caríntia, ao qual pertence a cidade onde ocorreu o crime, Villach.

Na véspera, a polícia já havia afirmado que o suspeito era um requerente de asilo de 23 anos. Ele tinha permissão de residência válida e não tinha antecedentes criminais. Além disso, teria gritado “Allahu Akbar” (Deus é grande, em árabe), segundo testemunhos recolhidos pelos investigadores.

Sua ação só foi interrompida porque outro sírio, o entregador Alaaeddin Alhalabi, 42, atropelou-o ao ver o que estava acontecendo.

Trata-se de “um ataque islâmico que tem vínculos com o EI”, declarou o ministro do interior, Gerhard Karner, do partido de centro-direita OVP, também a repórteres em Villach. Ele disse que o suspeito se radicalizou online e “em pouco tempo”.

Os 5 feridos têm de 15 e 36 anos, e 3 deles estavam internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neste domingo. O mais velho, que sofreu apenas ferimentos leves, é turco, e o restante, austríaco, disse o porta-voz da polícia, Rainer Dionisio.

Habitantes de Villach puseram neste domingo velas e flores em frente à loja onde morreu o adolescente atacado pelo sírio.

O incidente em Villach acontece após um homem afegão avançar com seu carro contra uma multidão no país vizinho, a Alemanha, na quinta-feira (13). O atropelamento se deu em Munique, horas antes da abertura de um evento de segurança anual na cidade que reúne diversos líderes mundiais, e provocou duas mortes, de mãe e filha de 37 e 2 anos. Outras 39 pessoas ficaram feridas.

Ataques como o deste sábado são raros na Áustria. Assim como na Alemanha, que vai às urnas na semana que vem, o incidente em Villach ocorre em um momento de tensão política no país. Na semana passada, o FPO (Partido da Liberdade da Áustria), sigla de ultradireita que liderou as eleições parlamentares em setembro, disse que não conseguiu formar um governo de coalizão.

Partidos centristas discutem agora a possibilidade de compor eles mesmos uma administração. Em paralelo a isso, o presidente considera as suas opções, incluindo convocar eleições antecipadas.

A anti-imigração é uma das principais bandeiras do FPO, que defende por exemplo a deportação de migrantes em situação irregular de volta para países que hoje vivem graves crises humanitárias como Síria e Afeganistão. Como esperado, o partido rapidamente comentou ataque de Villach.

“Nenhum migrante seria capaz de cometer assassinato ou qualquer outro crime em nosso país se não estivesse na Áustria em primeiro lugar”, disse o líder da legenda, Herbert Kickl, nas suas redes sociais pessoais e naquelas do seu partido.

A Áustria acolhe quase 100 mil refugiados sírios. Mas, após a queda do ditador Bashar al-Assad em dezembro, suspendeu os pedidos de asilo dos refugiados do país do Oriente Médio para reexaminar a situação. Outros países europeus seguiram o exemplo.

O governo austríaco também pôs fim à reunificação familiar e enviou pelo menos 2.400 cartas revogando o status de refugiados. O Ministério do Interior afirmou que está preparando “um programa coerente de repatriação e expulsão para a Síria”.

A Áustria só tinha sofrido um atentado jihadista até hoje. Ele ocorreu em 2020, quando um simpatizante do EI abriu fogo no centro de Viena, a capital, matando quatro pessoas.