A Associated Press processou nesta sexta-feira (21) integrantes do governo de Donald Trump, após o republicano barrar a entrada da agência de notícias ao Salão Oval da Casa Branca. O motivo da proibição é o fato de que a empresa se recusa a chamar o golfo do México de golfo da América —nomenclatura que Trump tornou oficial no país, mas que não é reconhecida internacionalmente.
A AP afirma que a medida tomada pela Casa Branca atenta contra liberdade de expressão e é inconstitucional. “A imprensa e todas as pessoas nos Estados Unidos têm o direito de escolher suas próprias palavras e não serem retaliadas pelo governo”, diz a agência na ação, apresentada no Tribunal Distrital dos EUA em Washington. O juiz designado para o caso é Trevor McFadden, nomeado por Trump.
“Este ataque direcionado à independência editorial da AP e à capacidade de coletar e reportar notícias atinge o cerne da Primeira Emenda”, afirmou a agência. “Este tribunal deve remediar isso imediatamente.”
A ação nomeia três pessoas: a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, a secretária de Imprensa, Karoline Leavitt, e o vice-chefe de gabinete Taylor Budowich.
Em uma entrevista na Cpac, conferência conservadora nos EUA, Leavitt afirmou que soube do processo da AP no caminho do centro de eventos. “Nos vemos no tribunal”, afirmou ela.
Em entrevista coletiva recente, Trump indicou que repórteres e fotógrafos da AP continuariam proibidos de entrar no Salão Oval e no avião presidencial até que usassem o termo decretado por ele para o acidente geográfico.
A AP é uma das agências de notícias mais respeitadas do mundo, e seu manual de Redação é utilizado por uma série de veículos de língua inglesa.
“O golfo do México tem esse nome há mais de 400 anos. Como uma agência de notícias global que entrega conteúdo no mundo todo, a AP precisa se certificar de que lugares geográficos sejam facilmente reconhecidos por todas as pessoas”, disse a agência na ocasião da proibição do acesso.