O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim, evitou realizar uma reunião com o líder opositor da Venezuela, Edmundo González neste sábado (15).
Amorim e González participaram da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, encontro que reúne algumas das principais lideranças políticas e militares da Europa e dos Estados Unidos.
González, que enfrentou Nicolás Maduro nas eleições de julho do ano passado, pediu uma reunião com Amorim, que foi enviado a Caracas para acompanhar o pleito no ano passado —tanto a oposição como observadores internacionais afirmam que González ganhou por ampla margem e que as autoridades do regime fraudaram o pleito.
O encontro foi, no entanto, recusada pela equipe de Amorim, sob o argumento de que não havia espaço na agenda.
Amorim chegou à Conferência de Munique na sexta (14). Além de participar de um painel sobre cooperação e assistência internacional, ele manteve reuniões com o chanceler da China, Wang Yi; com representantes do grupo de ex-líderes The Elders e do International Crisis Group; e com assessores de segurança nacional do Reino Unido, da Áustria e da Turquia. Também se encontrou com o ministro de Assuntos Especiais da Alemanha, Wolfgang Schmidt.
Amorim e Edmundo se encontraram nos corredores da conferência, mas apenas trocaram cumprimentos, segundo o próprio González.
“Eu o vi nos corredores. Eu o cumprimentei, ele estava muito ocupado com reuniões. Infelizmente, eu não tive a oportunidade de encontrá-lo hoje”, disse o venezuelano. “Nós nos encontramos ao menos duas vezes neste ano em diferentes ocasiões, e eu espero ter a oportunidade de encontrá-lo antes de a conferência terminar”, afirmou.
A última reunião de Amorim com González foi justamente durante a viagem que fez a Caracas para acompanhar o pleito.
Depois das eleições, o governo Lula iniciou uma ação diplomática para pressionar Maduro a publicar atas eleitorais que provassem a alegação do órgão oficial de que ele foi o vencedor.
As atas, no entanto, nunca foram publicadas. A relação esfriou e houve uma crise quando o Brasil decidi vetar a entrada da Venezuela como membro associado do Brics, após a cúpula do grupo na Rússia.
Houve acusações de Caracas contra o governo Lula, mas essa retórica também perdeu impulso.
O Brasil é atualmente o responsável pela custódia da embaixada Argentina em Caracas. No local, há um grupo de opositores asilados.