EUA: Musk troca farpas com secretários de Trump em reunião – 07/03/2025 – Mundo

Marco Rubio estava furioso. Ali estava ele, o secretário de Estado, na Sala do Gabinete da Casa Branca, sentado ao lado do presidente e ouvindo uma série de ataques do homem mais rico do mundo.

Sentado do outro lado da mesa de mogno, Elon Musk atacava Rubio, acusando-o de não ter reduzido o seu pessoal. “Você não demitiu ninguém”, disse Musk a Rubio, acrescentando com desdém que talvez a única pessoa que ele tivesse demitido fosse um membro da equipe do Departamento de Eficiência Governamental de Musk.

Rubio estava furioso com o bilionário há semanas, desde que sua equipe fechou uma agência inteira que supostamente estava sob o controle do secretário: a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). Mas, na extraordinária reunião de gabinete, diante do presidente Donald Trump e de cerca de 20 outras pessoas —detalhes dessa reunião que não haviam sido relatados antes— Rubio desabafou suas queixas.

Musk não estava sendo verdadeiro, disse o chefe da diplomacia americana. E as mais de 1.500 pessoas do Departamento de Estado que aceitaram aposentadoria antecipada em programas de demissão voluntária? Isso não contava como demissões? Ele perguntou, sarcasticamente, se Musk queria que ele recontratasse todas aquelas pessoas só para poder demiti-las novamente. Depois, ele apresentou seus planos detalhados para reorganizar o Departamento de Estado.

Musk não se impressionou. Ele disse a Rubio que ele era “bom na TV”, com o subtexto claro de que não era bom para muito mais que isso. Durante todo esse tempo, o presidente se manteve em sua cadeira, de braços cruzados, como se estivesse assistindo a uma partida de tênis.

Depois que a discussão se arrastou por um tempo desconfortável, Trump finalmente interveio para defender Rubio, dizendo que ele estava fazendo um “excelente trabalho”. Rubio tem que lidar com muita coisa, disse o presidente. Ele está sempre viajando e aparecendo na TV e ainda tem uma agência para administrar. Então, todos precisavam trabalhar juntos.

A reunião foi um ponto de inflexão potencial após as frenéticas primeiras semanas do segundo mandato de Trump. Ela forneceu a primeira indicação significativa de que Trump estava disposto a impor alguns limites a Musk, cujos esforços se tornaram objeto de várias ações judiciais e geraram preocupações entre os legisladores republicanos, alguns dos quais se queixaram diretamente ao presidente.

Os membros do gabinete quase uniformemente gostaram do conceito daquilo que Musk se propôs fazer —reduzir desperdício, fraude e abuso no governo— mas estavam frustrados com a abordagem radical de revirar o governo e com a falta de coordenação consistente.

A reunião desta quinta-feira (6), que foi agendada de forma abrupta na noite de quarta-feira (5), foi um sinal de que Trump estava ciente das crescentes reclamações. Ele tentou oferecer algo para ambos os lados, elogiando tanto Musk quanto seus secretários do gabinete. Pelo menos um, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que teve encontros tensos relacionados à equipe de Musk, não estava presente.

O presidente deixou claro que ainda apoiava a missão de Musk. Mas agora era hora, disse ele, de adotar uma abordagem mais refinada. A partir de agora, disse Trump, os secretários estariam no comando; a equipe de Musk apenas aconselharia.

Ainda não está claro qual será o impacto de longo prazo da reunião. Musk continua sendo o maior apoiador financeiro político de Trump —apenas esta semana, seu supercomitê de ação política veiculou US$ 1 milhão em anúncios que diziam: “Obrigado, presidente Trump”— e o controle de Musk sobre a plataforma social X fez com que membros do governo e secretários do gabinete temessem que ele os atacasse publicamente.