Uma greve de advertência de 24 horas na próxima segunda-feira (10) deve interromper as atividades em quase todos os aeroportos da Alemanha, inclusive Frankfurt e Munique. Os dois maiores hubs do país são origem e destino dos voos diretos do Brasil operados por Latam e Lufthansa.
A paralisação foi programada pelo sindicato Verdi, que congrega boa parte dos funcionários públicos e do setor de serviços alemães. Na semana passada, os trabalhadores já haviam deixado a capital da Baviera sem voos durante dois dias. Eles pedem aumento de 8%, bônus e três dias de folga; duas rodadas de negociações com as concessionárias falharam, e a próxima está marcada para meados do mês.
“A ação é um cenário de horror para os passageiros e terá consequências de longo prazo para a mobilidade individual e para a economia”, escreveu em comunicado a associação de concessionárias. Parte de seus funcionários ainda conta com status de servidor, mesmo anos depois dos processos de privatização.
Ao menos 500 mil passageiros devem ser afetados e mais de 3.400 voos, cancelados. O controle de tráfego aéreo não participa do movimento. Autoridades pedem que as pessoas sigam as instruções das companhias e evitem as instalações, principalmente em destinos populares entre turistas, como Berlim, Colônia, Hamburgo, Dusseldorf e Stuttgart.
Antes dos aeroportos, empregados do transporte público em diversas cidades também cruzaram os braços. Berlim ficou sem ônibus e metrô durante a Berlinale, seu famoso festival de cinema, e a reta final das eleições parlamentares, no mês passado. A capital alemã agora convive com paralisações pontuais de serviços de limpeza, hospitais, asilos e outros.
As greves se intensificam desde o fim do ano passado, quando a coalizão do governo Olaf Scholz ruiu e precipitou a campanha eleitoral. A economia do país, estagnada há dois anos, gera insatisfação popular e preocupações com emprego e inflação.
O primeiro-ministro eleito, Friedrich Merz, alcançou acordo com o SPD de Scholz para votar, ainda no Parlamento atual, o maior pacote de estímulo do país desde a queda do muro de Berlim, há 35 anos. O projeto prevê exceções ao freio da dívida, a versão local do teto de gastos, para um brutal investimento em defesa, de cerca de 1% do PIB, um pacote de 500 bilhões de euros voltado para a modernização da infraestrutura do país e flexibilização nas regras de endividamento dos estados.
O fim de décadas de austeridade, provocado pela insistência de Donald Trump em forçar a Ucrânia a um acordo de paz com a Rússia, já provoca forte reação no mercado financeiro e nos títulos públicos da Alemanha. Observadores afirmam, no entanto, que o país precisa de outras reformas, como as de questões regulatórias e burocracia, para não desperdiçar o inesperado impulso fiscal.