Filha de Gisèle Pelicot acusa o pai de abuso sexual – 06/03/2025 – Mundo

A filha do francês Dominique Pelicot, Caroline Darian, anunciou, nesta quinta-feira (6), que apresentou uma denúncia de abusos sexuais contra seu pai, preso e condenado por drogar e estuprar sua mãe, Gisèle Pelicot, durante quase uma década, e convidar outros homens para abusar dela.

Caroline apresentou a denúncia ao tribunal francês, na quarta (5), por “administração de substâncias psicoativas” e “abusos sexuais” que ela acredita que seu pai tenha cometido contra ela.

Dominique foi condenado a 20 aos de prisão em dezembro de 2024 por dopar a mulher durante anos para abusar dela e recrutar estranhos na Internet para também estuprá-la. O ex-companheiro gravou os abusos metodicamente e só foi descoberto ao ser preso por outro crime ligado a importunação sexual.

O julgamento de Dominique Pelicot e outros 50 réus se tornou um símbolo da violência sexual e de gênero na França e no exterior. Os demais acusados foram condenados a penas que vão de 3 a 15 anos de reclusão.

Pouco tempo depois de descobrir o que aconteceu com sua mãe, Caroline foi chamada pela polícia. Foram mostradas a ela duas fotos encontradas no laptop de seu pai. As imagens a mostravam inconsciente deitada em uma cama, vestindo apenas uma camiseta e roupas íntimas que ela não reconheceu. Ali ela disse que estava convencida de que também era vítima de seu pai.

Dominique Pelicot, condenado por distribuir imagens de Caroline tiradas sem seu conhecimento, negou ter cometido abusos contra sua filha.

“Sim, ele negou, mas mentiu várias vezes e recontou várias versões da história durante o julgamento de dois anos e meio”, disse Caroline à AFP. “E vimos claramente naquele tribunal que Dominique nunca foi capaz de contar toda a verdade sobre o que havia acontecido.”

Ela afirmou, ainda, que considera importante transmitir essa mensagem para que outras vítimas de submissão química saibam que nunca devem desistir.

No ano passado, Caroline lançou o livro “E Eu Parei de te Chamar de Papai”, que deve ser lançado no Brasil pela editora Planeta. Nele, a jornalista conta o que sentiu ao descobrir as atrocidades de que o pai era capaz.

A autora escreveu o prefácio enquanto o julgamento do pai ainda estava se aproximando, com reflexões sobre o que significava conviver numa casa em que crimes como esses eram cometidos por baixo do tapete —possivelmente contra ela mesma.

O livro está sendo traduzido para outras 15 línguas além do português. O caso chocou a França e fez o governo de Emmanuel Macron prometer kits de testagem gratuitos em hospitais para mulheres que suspeitem terem sido vítimas de submissão química, como foi o caso com Gisèle.