O novo comandante militar de Israel, o tenente-general Eyal Zamir, assumiu o cargo de líder das Forças Armadas do país nesta quarta-feira (5) em meio ao frágil cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
Zamir, cuja patente é equivalente ao general de divisão no Brasil, substituiu o general Herzi Halevi, que renunciou no último dia 21 por reconhecer sua responsabilidade nas falhas que tornaram possível o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, estopim para o conflito atual.
Em discurso ao assumir o cargo, Zamir disse que “a missão ainda não está concluída” e que o Hamas ainda não foi derrotado. Depois do ataque que matou 1.200 israelenses, a campanha militar de Israel matou quase 50 mil palestinos, feriu outros 110 mil e reduziu a Faixa de Gaza a escombros. Não foi bem sucedida, entretanto, em remover o Hamas do controle do território.
“Não vamos esquecer e não vamos perdoar. Essa é uma guerra existencial. Persistiremos na nossa campanha para trazer de volta os reféns e derrotar nossos amigos”, disse Zamir. O cessar-fogo atual, que teve início em janeiro, interrompeu o conflito e possibilitou trocas de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, mas um acordo ainda não foi atingido a respeito dos 59 reféns ainda em poder do Hamas e um fim permanente para a guerra.
O grupo terrorista, por exemplo, exige a retirada completa da presença militar israelense de Gaza, uma possibilidade rejeitada por Tel Aviv, que aposta em uma resolução do conflito que possibilite o controle israelense do território —o país é apoiado pelos Estados Unidos nesse objetivo, com o presidente Donald Trump falando em tomar para si a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos permanentemente de suas casas.
Em paralelo, Israel começou a realizar inquéritos oficiais sobre as falhas de segurança que tornaram possível o ataque de 7 de outubro, um dos maiores desastres militares da história do Estado judeu. “Estabelecer um comitê de investigação é necessário e essencial. Não para alocar culpa, mas para, em primeiro lugar, entender a raiz dos problemas e corrigi-los”, disse Herzi Halevi ao renunciar.
Zamir também assume em um momento de forte crítica internacional às ações das Forças Armadas israelenses, tanto na Faixa de Gaza, onde o país é acusado de genocídio por organizações como a Anistia Internacional, quanto na Cisjordânia ocupada. Lá, vem ganhando força uma campanha militar para destruir casas de palestinos e abrir caminho para mais assentamentos judaicos, considerados ilegais pela lei internacional.