Quase 10% dos adultos dos EUA se identificam como LGBTQIA+ – 25/02/2025 – Mundo

Quase 1 em cada 10 adultos nos Estados Unidos se identifica como LGBTQIA+, de acordo com uma análise da Gallup divulgada na quinta-feira (20) —quase o triplo da proporção desde que o instituto começou o levantamento em 2012— e um aumento de dois terços desde 2020. Os aumentos foram impulsionados pelos jovens e pelas mulheres bissexuais.

Quase um quarto dos adultos da geração Z, definidos pela Gallup como pessoas de 18 a 27 anos, identificam-se como LGBTQIA+, de acordo com a análise, que incluiu 14 mil adultos em pesquisas telefônicas no ano passado. Mais da metade desses jovens adultos LGBT+ se identificam como bissexuais.

Entre todos os entrevistados, 1,3% se identificaram como transgênero, em comparação com 0,6% em 2020.

A Gallup constatou ainda que os membros da geração Z eram mais propensos a ser transgêneros —4,1% eram, em comparação com 1,7% dos millennials e menos de 1% em cada geração mais velha. Vários grupos tentaram contar essa população, e a pesquisa do instituto é considerada uma das mais completas.

Foi perguntado aos entrevistados se eles se consideravam heterossexuais, lésbicas, gays, bissexuais ou transgênero, e eles podiam escolher mais de uma identidade. Cerca de 86% dos entrevistados disseram ser heterossexuais, de acordo com a Gallup.

O governo do presidente Donald Trump reverteu recentemente uma série de iniciativas destinadas a apoiar as pessoas LGBTQIA+, especialmente aquelas que são transgênero.

Com base em um decreto que declara que existem apenas dois sexos e que eles não podem ser alterados, o governo Trump ameaçou acabar com o financiamento federal para hospitais que oferecem atendimento médico de transição de gênero para pessoas com menos de 19 anos; proibir meninas e mulheres transgênero de competir em equipes esportivas femininas; e proibir pessoas transgênero de servir nas Forças Armadas.

O presidente anunciou planos para revogar o financiamento federal de escolas que ensinam sobre “ideologia de gênero” e desmantelou uma política que protege os alunos transgênero contra a discriminação. Os órgãos governamentais removeram de seus sites recursos relacionados a termos como LGBTQIA+ e gênero. Alguns foram restaurados por ordem judicial.

O aumento da identificação LGBT+ tem sido “em grande parte impulsionado por muitas décadas de aceitação social gradual e crescente”, disse o médico Mitchell Lunn, um dos diretores do Pride Study, um projeto de pesquisa da Universidade de Stanford sobre a saúde das pessoas LGBT+. Agora, disse ele, “acho que podemos perder muito do impulso realmente positivo que construímos nas últimas décadas”.

Lunn disse que acha que os números da Gallup provavelmente são subestimados, principalmente porque as pessoas podem não se sentir à vontade para compartilhar as informações em uma pesquisa por telefone —5% dos entrevistados se recusaram a responder à pergunta da Gallup. Ele afirmou que não ficaria surpreso se os números diminuíssem no próximo ano, caso a aceitação social diminua durante o governo Trump. “Eu me preocupo com o fato de que isso fará com que algumas pessoas voltem para o armário e não se manifestem mais sobre sua identidade”.

Nas pesquisas, houve grandes diferenças na identificação LGBT+ por ideologia política. São 21% a fatia de progressistas que se identificaram dessa forma, em comparação com 3% dos conservadores. Também houve diferenças significativas de gênero. As mulheres tinham quase o dobro da chance de se identificarem como LGBT+ do que os homens: na geração Z, 31% delas se identificaram assim, em comparação com 12% dos homens.

Embora a identificação LGBT+ tenha aumentado nos últimos anos em todas as gerações, com exceção das mais antigas, ela cresceu mais rapidamente entre os jovens. Uma média de 23% dos adultos da geração Z se identificaram dessa forma nos últimos dois anos, em comparação com 19% de 2020 a 2022.

A maioria deles se identifica como bissexual. Das mulheres da geração Z, 23% são bissexuais, em comparação com 12% das mulheres millenial. Embora os homens geralmente tenham menos probabilidade de se identificar como bissexuais, isso está mudando para aqueles que estão na adolescência e na faixa dos 20 anos. Dos homens da geração Z, 8%, se identificam como bissexuais, em comparação com 2% dos homens millenial, e a geração mais nova é a única faixa etária em que os homens são mais propensos a dizer que são bissexuais do que gays.

Os estudos revelaram que os homens bissexuais enfrentam estigma adicional, mas os pesquisadores disseram que isso pode estar mudando para os jovens à medida que a definição de masculinidade se amplia e que pensam cada vez mais sobre a sexualidade em um espectro. Jessie Ford, socióloga da Universidade Columbia, disse que em suas entrevistas com jovens, eles falam sobre querer ser abertos em sua sexualidade e evitar identidades rígidas como heterossexual ou homossexual.

Os jovens atingiram a maioridade em um período de mudanças sociais excepcionalmente rápidas nesse campo desde a década de 2010. Isso foi impulsionado pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país em 2015, pela cultura pop e pelas mídias sociais.

Agora é comum que as escolas de ensino fundamental e médio tenham grupos de afinidade LGBT+, que, segundo os pesquisadores, são importantes para a saúde mental dos adolescentes em um momento em que eles estão explorando sua identidade. As escolas têm sido especialmente acolhedoras no oeste e no nordeste do país, de acordo com a GLSEN, uma organização sem fins lucrativos que pesquisa estudantes LGBT+.

No entanto, o aumento da aceitação também veio com o aumento do estigma. Nos últimos anos, muitos estados, especialmente os liderados por republicanos, propuseram ou promulgaram restrições voltadas para os jovens LGBT+, especialmente os jovens transgênero. Isso provavelmente contribuiu para a saúde mental precária dos jovens gays ou transgêneros, disseram os pesquisadores.