O governo de Donald Trump suspendeu todas as solicitações de migração apresentadas por pessoas da Ucrânia e da América Latina que haviam sido autorizados a entrar no Estados Unidos sob programas de seu antecessor, Joe Biden, afirmou a CBS News nesta terça-feira (18).
Segundo a emissora americana, que se baseou em duas autoridades que falaram sobre condição de anonimato e um memorando interno, a justificativa citada pela gestão para pausar os pedidos é a preocupação com casos de fraude e segurança nacional. A medida permanecerá em vigor por tempo indeterminado.
O número de pessoas afetadas ainda não está claro, de acordo com a TV, mas deve englobar diversos migrantes que se beneficiavam dos programas de proteção temporária que Biden implementou durante sua gestão —uma estratégia para incentivar a entrada regular no país.
Desde a década de 1950, um mecanismo chamado “humanitarian parole” permite que, por razões humanitárias urgentes ou por um benefício público significativo, cidadãos não americanos entrem ou permaneçam nos EUA por um determinado período. O democrata usou a lei em uma escala histórica para receber estrangeiros fugindo de crises políticas, como a da Venezuela, ou conflitos armados, como o da Ucrânia.
Trump, que já havia interrompido novas entradas sob as políticas da gestão anterior, aprofundou as restrições recentemente.
De acordo com a CBS, o memorando, datado de 14 de fevereiro e assinado por Andrew Davidson, um funcionário de alto escalão do USCIS (Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos, na sigla em inglês), todos os pedidos pendentes, incluindo migrantes já autorizados a ingressar no país, foram suspensos.
O documento afirmaria que, “atualmente, informações sobre fraudes e preocupações com a segurança pública ou nacional não estão sendo devidamente sinalizadas nos sistemas de julgamento do USCIS” e citaria supostas investigações que teriam encontrado informações de indivíduos mortos e endereços idênticos.
A pausa poderia ser revogada apenas após uma “análise e avaliação abrangentes da população de estrangeiros no país” sob esses programas, teria afirmado Davidson no documento.
A medida afeta três programas de Biden —Uniting for Ukraine, para aqueles que fogem da guerra com a Rússia no Leste Europeu; o CHNV, que dá liberdade condicional humanitária para cidadãos de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, todos países que enfrentam crises econômicas e políticas; e um terceiro, que engloba colombianos, equatorianos, centro-americanos, haitianos e cubanos com parentes nos EUA.
Somente os dois primeiros permitiram que 760 mil pessoas entrassem nos EUA, segundo a emissora. Uma vez no país, muitos deles tentam acessar outros benefícios, como asilo, green cards ou residência permanente americana.
Agora, no entanto, as novas diretrizes impedem novas solicitações para acessar tais benfícios, de acordo com a TV. “Isso efetivamente congela a capacidade deles de mudar para outro status legal”, disse à CBS Lynden Melded, que atuou na USCIS durante o governo do ex-presidente republicano George W. Bush. “Nesse ínterim, eles permaneceriam suscetíveis à remoção do país se o governo encerrasse seu status de liberdade condicional.”