Líbano diz que vai considerar ocupação presença israelense – 18/02/2025 – Mundo

O fim do prazo para Israel se retirar do território libanês, estipulado por um acordo de cessar-fogo para esta terça-feira (18), deve aumentar a tensão no Oriente Médio. Enquanto Tel Aviv diz que manterá tropas no país vizinho, Beirute afirma que considerará qualquer presença do Estado judeu uma ocupação.

Inicialmente, a trégua, mediada pelos Estados Unidos em novembro do ano passado, indicava que os israelenses tinham 60 dias para desocupar totalmente o sul do Líbano, onde realizavam uma ofensiva terrestre contra o Hezbollah, grupo financiado pelo Irã, desde o início do mês anterior. O período, no entanto, foi estendido.

O novo prazo expira nesta terça, quando os israelenses se retiraram de suas posições no sul do país vizinho, exceto por “cinco pontos estratégicos”. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, já havia mencionado a manutenção de algumas tropas “para garantir a proteção das comunidades do norte” de seu país.

Ao longo do ano passado, dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas da região para fugir dos foguetes que a facção passou a lançar contra Israel em solidariedade ao Hamas, em guerra com Tel Aviv na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.

O Líbano, porém, indica que não vai aceitar a permanência dos soldados israelenses em seu território. Um porta-voz da Presidência libanesa afirmou nesta terça que Beirute considerará a presença israelense em suas terras uma ocupação e disse ter o direito de usar qualquer meio para garantir a retirada das tropas do país vizinho.

O país ainda anunciou que recorrerá ao Conselho de Segurança da ONU para pressionar Israel a retirar-se totalmente. O Exército libanês ainda afirmou que, em coordenação com o comitê encarregado de supervisionar o acordo de cessar-fogo e a Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), tomou posição em diversas localidades do sul do país.

Segundo a emissora libanesa LBCI, as tropas se deslocaram durante a noite nas localidades de Yarun, Marun, Blida, Mahbib e Mais al Yabal.

Em uma declaração conjunta, a enviada da ONU Jeanine Hennis-Plasschaert e a Unifil afirmaram que, ao fim do período estabelecido para a retirada de Israel, qualquer atraso constitui uma violação de uma resolução do Conselho de Segurança de 2006 que pôs fim à guerra entre Israel e Hezbollah.

Dezenas de milhares de libaneses aguardam a estabilidade da região para retornar a suas casas e recuperar corpos de familiares, alguns mortos há meses. Segundo a ONU, cerca de 100 mil, entre mais de um milhão de deslocados pelo conflito, permanecem no exílio.

“Toda a aldeia foi reduzida a escombros. É uma zona catastrófica”, afirmou Alaa al Zein, que retornou à sua cidade, Kfar Kila, nesta terça. Ali, os escombros e os controles militares obrigavam os moradores a estacionar seus veículos na entrada da aldeia e seguir a pé. Muitos retornavam a casas, fazendas e negócios destruídos ou gravemente danificados após mais de um ano de confrontos.

Segundo o Ministério da Saúde de Beirute, mais de 4.000 pessoas morreram no Líbano desde que começaram as hostilidades, em outubro de 2023. Do lado israelense, morreram 78 pessoas, incluindo soldados, segundo uma contagem da agência de notícias AFP baseada em números oficiais. Outros 56 soldados morreram no sul do Líbano durante a ofensiva terrestre.