EUA falam em ferramentas militares para pressionar Rússia – 14/02/2025 – Mundo

O Kremlin afirmou nesta sexta-feira (14) que esperava esclarecimentos dos Estados Unidos sobre as declarações do vice-presidente americano J. D. Vance de que Washington tinha alavancas militares e econômicas para pressionar a Rússia a concordar com termos de um acordo de paz com a Ucrânia.

“Existem ferramentas econômicas de alavancagem e existem, é claro, ferramentas militares de alavancagem” que os EUA poderiam usar contra Putin, disse Vance, em entrevista ao jornal The Wall Street Journal

Questionado sobre a referência à questão militar, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que Moscou queria saber mais.

“Este foi um novo elemento sobre a posição [dos EUA]. Não ouvimos tais formulações antes, elas não foram expressas antes”, disse Peskov aos repórteres. “Então, é claro, durante os próprios contatos sobre os quais temos falado, esperamos receber algum esclarecimento adicional.”

Trump disse na quinta-feira (13) que autoridades dos dois países se encontrariam em Munique nesta sexta-feira e que a Ucrânia também foi convidada. O governo ucraniano, no entanto, afirmou que não tinha a expectativa de conversar com a Rússia na cidade alemã.

Peskov, quando questionado sobre as declarações de Trump sobre a presença de autoridades russas em Munique, disse que o Kremlin não tinha nada de novo a dizer sobre os esforços de paz na Ucrânia e que levaria alguns dias para estabelecer contatos diplomáticos com os EUA sobre a Ucrânia.

Separadamente, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse que autoridades russas não compareceriam à Conferência de Segurança de Munique porque o país não foi convidado para o evento, que ela acusou de se tornar um elemento pró-Ucrânia.

Não ficou claro, no entanto, se as autoridades russas ainda planejavam viajar a Munique para reuniões fora do local da conferência com autoridades americanas ou de outros países.

A Ucrânia e seus aliados europeus estão preocupados que possam ser deixados de lado nas negociações, após Trump e Putin concordarem em se encontrar para discutir formas de acabar com a guerra iniciada em 2022 com a invasão da Ucrânia por Putin.

Nesta quinta-feira (13), Zelenski afirmou que líderes mundiais “não devem acreditar na prontidão de Putin em acabar com a guerra”.

Já a chefe da diplomacia da União Europeia, a estoniana Kaja Kallas, disse que “qualquer acordo pelas costas não vai funcionar”. “Qualquer acerto rápido será um acordo sujo, algo que não funcionou antes”, disse.

Quando era primeira-ministra de seu país, Kallas ficou famosa por sua instância anti-Putin agressiva. “Apaziguamento não vai funcionar. Se a Ucrânia decidir resistir, nós estaremos com ela”, afirmou.

Em entrevista ao site Politico, o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, foi mais realista. “Para mim está bem claro que não deve haver solução [para a guerra] que não envolva os EUA. A próxima missão é garantir que não haja uma paz imposta [aos ucranianos]”, disse.