A China registrou no ano passado uma redução significativa do número de casamentos, um indicador que é o sinal mais recente dos desafios demográficos de Pequim, que tenta estimular a taxa de natalidade, apesar do clima de incerteza econômica para as famílias jovens.
O país teve 6,1 milhões de casais registrados em 2024, contra 7,7 milhões em 2023, segundo os dados publicados pelo Ministério dos Assuntos Civis.
A queda de 20,5% coincidiu com o terceiro ano consecutivo de redução da população na China, superada em 2023 pela Índia como o país mais populoso do mundo.
A população chinesa, de 1,4 bilhão de habitantes, está envelhecendo rapidamente, com indicadores que mostram que no final do ano passado quase 25% tinham 60 anos ou mais.
As tendências demográficas representam novos desafios para as autoridades chinesas, que há décadas confiam em sua enorme força de trabalho como motor do crescimento econômico.
A diminuição no número de casamentos ocorre apesar da campanha a favor da família que Pequim promoveu nos últimos anos, que inclui alguns subsídios para estimular as pessoas a terem filhos.
Os analistas, no entanto, afirmam que o aumento do custo de vida —em particular da educação e do cuidado com as crianças— e o mercado de trabalho difícil para os recém-formados são fatores que desestimulam as pessoas que consideram ter filhos.
Na década de 1980, Pequim impôs uma severa “política do filho único” devido ao temor de superpopulação. A norma chegou ao fim em 2016.
Em 2021, as famílias foram autorizadas a ter três filhos, mas os indícios já sugeriam a mudança demográfica na China.
A queda do número de casamentos na segunda maior economia mundial ameaça aumentar a pressão nos próximos anos sobre as pensões e o sistema público de saúde. Pequim anunciou que aumentará gradualmente a idade de aposentadoria —atualmente de 60 anos, uma das menores do mundo.
A população da China diminuiu pela terceira vez seguida no ano passado. Mas o dado surpreendente foi que, pela primeira vez em oito anos, o número de nascimentos voltou a crescer.
Nasceram no país 9,54 milhões de bebês, ante 9,02 milhões em 2023, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas. Analistas arriscaram possíveis explicações, por exemplo, ser um efeito do relaxamento das restrições a três filhos por casal, determinado três anos antes.