Lula vai propor grupo de trabalho sobre deportações – 28/01/2025 – Mundo

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai propor à administração Donald Trump a criação de um grupo de trabalho conjunto para discutir as deportações de migrantes brasileiros.

O objetivo, segundo interlocutores do governo brasileiro, será discutir com os americanos formas de obter a garantia de segurança no transporte e de tratamento com dignidade aos deportados.

A proposta foi decidida durante uma reunião do presidente brasileiro com ministros e demais autoridades, no Palácio do Planalto, para discutir a crise das deportações, após os relatos de maus-tratos e de uso de algemas.

O encontro no Palácio do Planalto durou mais de uma hora. Após a reunião, Mauro Vieira afirmou que um dos objetivos era delinear formas de dialogar com as autoridades americanas para que as deportações atendam “requisitos mínimos de dignidade e respeito aos direitos humanos”.

Nos bastidores, membros do governo afirmam que o Brasil vai buscar um diálogo sóbrio com as autoridades americanas, sem elevar o tom e sem provocações. A avaliação é que uma escalada não teria resultados práticos e poderia dar margem para radicalismos do governo Trump.

No mesmo encontro, também ficou decidido que o governo brasileiro vai montar posto de acolhimento no aeroporto de Confins, em Minas Gerais, para deportados vindos dos Estados Unidos, mas não detalhou como deve funcionar a unidade.

Também foi definido que não serão usados voos da FAB (Força Aérea Brasileira) para transportar brasileiros deportados, como tem feito a Colômbia após crise entre o presidente Gustavo Petro e Trump. O entendimento do Brasil é de que essa seria uma atribuição dos EUA.

O governo Lula avaliou usar aviões da FAB para resgatar os brasileiros deportados do território americano. O emprego da Aeronáutica, porém, acabou descartado pela leitura feita por Vieira de que o envio de aviões brasileiros poderia soar como uma afronta aos EUA.

O chanceler disse na reunião desta terça que o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, prestou bons esclarecimentos ao Itamaraty na segunda (27) sobre a atipicidade do voo que trouxe 88 brasileiros de volta ao Brasil.

Na leitura da diplomacia, enviar aviões da FAB para os EUA poderia sinalizar uma falta de confiança nas explicações dadas pelos americanos.

Os brasileiros deportados dos EUA que chegaram a Minas Gerais no sábado (25) relataram agressões, ameaças e tratamento degradante que sofreram por parte dos agentes de imigração americanos responsáveis pelo voo de volta ao Brasil. Vários dos migrantes disseram ter ficado 50 horas algemados, sem ar condicionado no voo e sujeitos a abusos dos americanos.