Um homem que recentemente levou sua família dos Estados Unidos para o Paquistão confessou, nesta quarta-feira (29), ter matado a tiros sua filha adolescente, motivado por sua desaprovação do conteúdo que ela postava no TikTok, informou a polícia paquistanesa.
O crime aconteceu em uma rua na cidade de Quetta, no sudoeste do país, na terça-feira (28). Antes da confissão, o pai, Anwar ul-Haq, disse inicialmente que homens armados não identificados atiraram e mataram sua filha de 15 anos, nascida nos EUA.
“Nossa investigação até agora descobriu que a família tinha objeções quanto ao seu modo de vestir, estilo de vida e reuniões sociais”, afirmou o investigador Zohaib Mohsin à agência de notícias Reuters. “Temos o telefone dela. Ele está bloqueado. Estamos investigando todos os aspectos, inclusive o crime de honra.”
A família havia retornado recentemente à província de Bauchistão, no Paquistão —nação com normas sociais conservadoras— depois de ter vivido nos EUA por cerca de 25 anos.
O pai da vítima tem cidadania americana, segundo a polícia. Segundo as autoridades, Haq contou que sua filha começou a criar conteúdo questionável no TikTok quando ela morava nos EUA. Segundo ele, a filha continuou a compartilhar vídeos na plataforma depois de retornar ao Paquistão.
A polícia disse que acusou Haq pelo assassinato, e um cunhado ele também foi preso por conexão com o crime. As autoridades não ofereceram provas da cidadania americana de Haq, exceto pelo testemunho do próprio suspeito, e se recusaram a dizer se a embaixada dos EUA havia sido informada do incidente. Sua família se recusou a responder a um pedido de comentário.
Mais de 54 milhões de pessoas usam o TikTok no Paquistão —país de 241 milhões de habitantes. O governo bloqueou o aplicativo várias vezes nos últimos anos devido à moderação do que afirmam ser “conteúdo obsceno”.
Mais de mil mulheres são mortas todos os anos no Paquistão nas mãos de membros da comunidade ou da família por suspeita de danos à honra, de acordo com a Comissão de Direitos Humanos independente do Paquistão.
As causas podem envolver fuga, publicação de conteúdo nas mídias sociais, confraternização com homens ou qualquer outra infração contra os valores conservadores relacionados às mulheres.